As Virgens Suicidas
Jeffrey Eugenides
Companhia das Letras
232 páginas
Num típico subúrbio dos Estados Unidos nos anos 1970, cinco irmãs adolescentes se matam em sequência e sem motivo plausível. A tragédia, ocorrida no seio de uma família que, em oposição aos efeitos já perceptíveis da revolução sexual, vive sob severas restrições morais e religiosas, é narrada pela voz coletiva e fascinada de um grupo de garotos da vizinhança. O coro lírico que então se forma ajuda a dar um tom sui generis a esta fábula da inocência perdida.
As Virgens Suicidas, publicado em 1993, é narrado em primeira pessoa por um grupo de amigos das meninas Lisbon, que mesmo após muitos das mortes das meninas ainda estão intrigados com o que levou a esta atitude trágica de tirarem as próprias vidas. Ambientado na década de 1970, em um dos típicos subúrbios dos Estados Unidos, traz a história das cinco irmãs Lisbo que decidiram, incompreensivelmente, se suicidar em sequência. Os meninos, ainda perplexos relembram dos últimos anos das meninas e tentam mais uma vez decifrar o que aconteceu naquela época.
Por meio desses meninos o leitor é apresentado as irmãs Lisbon - Cecilia (13 anos), Lux (14), Bonnie (15), Mary (16) e Therese (17) e a devoção que estes garotos têm por elas, além de tudo são garotas normais e muito bonitas, cada qual diferente da outra. Filhas de um casal católico, uma mãe altamente devota da igreja e um pai professor, são garotas tipicamente que vivem somente no mundinho delas, e apesar disso não ser anormal, é por meio disso que os garotos se sentem fascinados por elas.
A vida das meninas e também dos meninos mudam quando a irmã mais nova, Cecilia, se joga da janela de seu quarto. As meninas que já eram bastante isoladas e proibidas de ir à festas, usar maquiagem e coisas típicas de qualquer adolescente, são obrigadas a viver uma vida ainda mais regrada e "protegida" pelos pais. Após o baile escolar, o clima entre as meninas e os garotos mudam totalmente, dando, se não, um final trágico e maduro ao livro.

Infelizmente não há uma resposta do porquê as meninas comentaram essa tragédia e fica aquela mesma dúvida "Capitu traiu ou não Bentinho?". De fato não é ruim, mas você sente a falta de respostas no final do livro. As irmãs são meramente normais, apesar de serem altamente sufocadas por sua mãe, mas será que esse sufoco não era "aguentável" a ponto de tirarem a própria vida? Ficamos com a mesma cara de taxo dos narradores do livro, mas conhecemos as facetas das irmãs Lisbon - principalmente Cecilia e Lux. Talvez, por este motivo - do livro ter focado principalmente em duas irmãs - eu tenha desgostado um pouco da narrativa, senti que o autor focou nas duas irmãs (que realmente chamam atenção), e as outras irmãs Bonnie, Mary e Therese ficaram ali em segundo plano e com pouco desenvolvimento na história.
De fato, não é uma narrativa fácil ou leve, muito pelo contrário, somos arrematados a um livro de escrita densa, profunda e impactante. Jeffrey busca dar vida aos personagens e retratar os eventos ocorridos como algo real - é fácil de notar a superproteção dos pais, além da fascinação dos garotos e como os suicídios chamaram tanta atenção.
Apesar de não ter achado um livro gostoso, gostei, pelo simples fato de ser algo desconfortante e incomodo. O leitor prossegue numa leitura melancólica e angustiante até o final do livro. Sinto uma necessidade em saber o que realmente aconteceu e agradeceria se existisse um livro que trouxesse e retratasse a história pelos olhos das meninas, pois assim como todos, não é possível saber o que realmente aconteceu.
O livro foi adaptado para o cinema pela famosa Sofia Coppola, em 1999. Resolvi assistir o filme alguns dias depois da leitura do livro, senti certo foco em Lux e apesar de retratar toda a atmosfera do livro, há a falta de alguns aspectos - em breve postarei uma resenha sobre o filme!
Deixe um comentário